Em novembro de 2021, o leilão do 5G realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi o primeiro passo para uma revolução tecnológica no Brasil. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, lembrou do agronegócio no leilão, apontando que o setor é responsável por gerar mais de 1/4 do PIB, e que será fortemente impactado pela nova tecnologia.
Segundo dados de um relatório elaborado pela consultoria Omdia e a Nokia, a implementação do 5G pode gerar cerca de US$ 76 bilhões para o agronegócio até o ano de 2035. Isso irá beneficiar principalmente os agricultores que não têm tanto acesso à tecnologia, uma vez que com o 5G eles terão maior estabilidade de conexão e acesso facilitado a recursos como a agricultura de precisão, gerando assim uma maior produtividade.
Atualmente, embora muitos sensores funcionem adequadamente com sistemas de banda estreita, a maioria das tecnologias requerem o uso de grandes quantidades de sensores complexos, o que exige uma banda larga de alta capacidade. No entanto, esse tipo de conexão não está disponível na maioria das propriedades, o que será mais um avanço que a conexão do 5G poderá trazer.
Dentre as novas frequências disponíveis para a circulação da mesma, existe a possibilidade de dois formatos de uso: a non standalone (NSA) e a standalone (SA). Neste primeiro, o 5G ainda conversará com uma frequência 4G para autenticar alguns registros. O registro principal é estabelecido em 4G e alguns componentes do 5G são adicionados para alcançar altas taxas de transferência de dados. Já no segundo caso, o SA foi desenvolvido justamente para ser aplicado em lugares mais controlados, como ambientes de manufatura, onde os dispositivos conectados conversam entre si em 5G com menor latência do que ocorreria no NSA.
Operações a distância e conectividade
Dentro do setor do agronegócio, um dos grandes benefícios que a nova tecnologia irá trazer é a opção de operar máquinas a distância, como tratores, colheitadeiras e outras máquinas autônomas. Assim, será possível traçar rotas que evitem o desperdício e aumentam o tempo produtivo, uma vez que essas operações podem ser feitas sob qualquer condição de tempo, sendo dia ou noite.
Outro fator muito positivo que o 5G irá trazer é a ampla conectividade entre dispositivos, uma vez que conectados à mesma rede, eles interligados podem agir de forma mais inteligente e com acompanhamento em tempo real.
Mas afinal, o que é o 5G?
Vinte vezes mais rápida que o 4G, a tecnologia de quinta geração é o mais recente padrão tecnológico para serviços móveis. Suas principais características, que incluem altas taxas de transmissão de dados (maior velocidade), baixa latência (tempo mínimo entre estímulo e a resposta da rede telecom) e maior densidade de conexões, oferecem muitas possibilidades aos seus usuários de forma rápida e eficaz.
Ao contrário das tecnologias das gerações passadas (2G, 3G e 4G), o objetivo dessa nova geração não é só o incremento das taxas de transmissão, como também a especificação dos serviços que permitem o atendimento a diferentes aplicações. O 5G vai transformar em realidade conceitos como os de Internet das Coisas (IoT) e promover uma transformação na forma como as pessoas e organizações se relacionam.
Quando será ativada?
A ativação da tecnologia ocorrerá de forma gradual, sendo que o primeiro passo deve ser a sua ativação nas capitais do país ainda em julho deste ano, o que não significa, no entanto, que qualquer ponto destas cidades terá de fato acesso ao 5G.
De acordo com o cronograma realizado pelo Governo Federal, até julho de 2025, todas as cidades com mais de 500 mil habitantes contarão com a tecnologia ativada, enquanto que para cidades com mais de 30 mil habitantes, o prazo para essa ativação é até julho de 2028. Ou seja, até que de fato o 5G possa começar a beneficiar setores como o agronegócio, ainda pode ser que demore um tempo, mas as expectativas a longo prazo que essa implementação irá causar ao setor são muito positivas.