Está no inconsciente coletivo: o brasileiro traz a criatividade como essência, a capacidade de resiliência e esperança em dias melhores. E não por acaso, programas como Shark Tank e Caldeirão do Hulk, em quadros como Mandando Bem, conquistam a audiência ao exibir sonhos, vontade de produzir, acertar e prosperar.
Diante dessa realidade, seguimos com a cultura de copiar, melhorar ou adaptar. E parte do que é feito aqui nesse quesito é pouco ousado e disruptivo com menor status de inovação. Pode parecer um tema distante da realidade de muitos brasileiros. Mas, é o trabalho de P&D que vai definir qual vacina contra a Covid-19 será a mais segura e eficaz, ou mesmo quando o Brasil poderá receber a tecnologia 5G.
Nessa seara, termos como P&D, inovação e invenção merecem uma justa distinção. Enquanto inovar significa fazer algo novo, solucionando problemas e agregando valor, criar uma invenção não significa, necessariamente, estabelecer uma inovação. Já o investimento em P&D é uma iniciativa capaz de desenhar os produtos e serviços do futuro. É ainda, uma das formas mais assertivas de se alcançar o tão sonhado desenvolvimento econômico. E é por isso que países mais desenvolvidos dão tanto valor em P&D. Dados do Banco Mundial apontam que Alemanha, Estados Unidos e Rússia lideram o ranking dos países que mais investem o percentual de seus PIBs em P&D. Essa também tem sido uma das bandeiras levantadas pelo candidato à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden.
Por uma vocação pessoal e por uma forte inquietação, entendi ser importante investir em inovação e P&D no Brasil, mesmo com o ambiente totalmente desfavorável, juros altos, falta de tradição local, falta de fornecedores para esse tipo de atividade, falta de universidades com cultura para isso, e tantos outros motivos. Posso assegurar, que o risco da inovação é que se você insistir, você chega lá. Como prova de que P&D pode ser decisivo na economia de um país, no ano de 2013, um dosador de sementes inventado no Brasil para plantio de soja, milho, feijão e algodão, foi capaz de reduzir em 60% os erros no plantio, representando naquele ano, um impacto de quase 4 bilhões de reais no PIB brasileiro e um superávit de 3 milhões de toneladas na safra de grãos nacionais.
Atualmente, com a poupança rendendo menos do que a inflação, uma forte tendência entre os investidores brasileiros é se reinventar. Tradicionalmente, os perfis mais conservadores optam por imóveis. Em tese, isso também explica parte do bom desempenho do mercado imobiliário num cenário de crise. O momento também sinaliza otimismo para quem atua com P&D com grandes investidores atentos a melhor maneira de garantir rentabilidade.