Em meados de 2021, a J. Assy, de equipamentos agrícolas, tinha planos de investir R$ 200 milhões nos cinco anos seguintes, mas a companhia decidiu intensificar sua expansão. Agora, esse montante será todo destinado a pesquisa e desenvolvimento, o que levará o aporte total nas operações para perto de R$ 300 milhões nesse período.
O desembolso para o desenvolvimento de novas tecnologias será três vezes maior do que os investimentos feitos entre 2017 e 2021, segundo o presidente da companhia, José Roberto Assy. Com sede em Caldas Novas (GO), a J. Assy pretende inaugurar um segundo centro de pesquisa, em Curitiba, e lançar pelo menos três novos produtos neste ano — dois nos Estados Unidos, onde também atua, e um no Brasil.
Até 2027, o objetivo da empresa é colocar no mercado um pacote tecnológico para automatizar plantadeiras. A empresa já tem um centro de pesquisa em São Paulo, no qual 65 colaboradores trabalham em áreas relacionadas à automatização. O quadro deve aumentar para 100 pessoas neste ano. A unidade da capital paranaense está em fase de estruturação, trabalho que inclui a busca por 30 profissionais. Segundo Assy, a companhia chegou a considerar Belo Horizonte como destino de seu novo centro de pesquisas, mas optou por Curitiba
porque a cidade tem mão de obra qualificada mais abundante.
O empresário afirma que é preciso trabalhar em hardwares (tecnologias físicas embarcadas nas máquinas) que extraem dados durante a operação para que os softwares possam gerar informações precisas. “O futuro não é apenas digitalização, mas também é hardware”, afirma. “Nesses centros de pesquisa, vamos desenvolver equipamentos que possam habilitar nossos clientes a terem plantadeiras 100% autônomas”.
Multiplicação de patentes
José Roberto Assy, que é engenheiro agrônomo, é um entusiasta da inovação no agro. Ele foi responsável pela criação do disco rampflow, que reduz em até 70% as falhas na distribuição de sementes no solo. De 2018 para cá, Assy vem apostando em pesquisa para ampliar os negócios da empresa, que tinha quatro patentes em 2013 e hoje possui 92.
A companhia já conta com unidades de desenvolvimento de tecnologia nos EUA e na Argentina e pretende desembarcar na Europa ainda neste ano. Também faz parte dos planos a estruturação de operações na Austrália, África do Sul, China e Canadá.
“Eu não concordo quando dizem que o Brasil só copia dos outros. Nós temos uma
tecnologia nos EUA que custa o dobro da do concorrente, mas somos líderes do
mercado porque a nossa está muito à frente”, argumenta o empresário. “Somos
uma potência no agro, e quero que a J. Assy seja líder global em tecnologia para o
setor”, finaliza.