Você já deve ter ouvido por aí o termo “plantabilidade”, mas afinal, o que é isso? No que afeta? E quais os simples segredos para se obter um excelente resultado?
Atualmente o Brasil tem uma produtividade média da cultura do milho de 95 sacas por hectare, bem superior as 55sc/ha registradas em 2010/2011 pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento). Esse desempenho garante aos brasileiros a 3ª posição entre os maiores produtores do grão mundo. Já a soja, cultura em que somos líderes de produção, registrou na última safra a produtividade recorde de 119,9 milhões de toneladas, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse crescimento significativo revela a alta demanda por ações que maximizem a produtividade nas lavouras, a fim de elevar a produção de grãos em uma menor área de trabalho.
A plantabilidade é a técnica do respectivo implemento (semeadora de grãos graúdos) em semear as sementes de maneira correta longitudinal, equidistante, onde o espaçamento entre sementes e a profundidade de deposição seja o mais homogêneo possível. É nesse exato momento que o potencial de rendimento da lavoura será definido, pois se temos uma plantabilidade eficiente, logo, obteremos uma instalação perfeita da lavoura podendo aproveitar todos os recursos para melhor desenvolvimento das plantas.
Caso isso não aconteça, a plantabilidade será ineficiente e resultará na incorreta população e distribuição de sementes, ocasionando em duplas e falhas no sulco de plantio e profundidade desuniforme, gerando plantas dominadas e competição de recursos disponíveis como água, luz, nutrientes e menor produtividade de grãos. É de extrema importância a assertividade no momento do plantio, visto que, populações acima do esperado aumentam o custo de produção e reduzem o potencial produtivo.
De acordo com o estudo realizado por Guilherme Fiss, doutor em ciência e tecnologia de sementes, em 2015, à medida que o espaçamento entre plantas (falhas) aumenta, ocorre decréscimo na produtividade. Os números indicam que a perda pode ser de até 5,7%/ha ocorrendo em média espaçamento falho entre plantas de 7cm. Mas, então, então, quais os simples segredos para se obter uma excelente plantabilidade?
Sementes
Para garantir que a lavoura tenha alto padrão e uma bela produção, a regra número um é utilizar uma semente de alta qualidade, poder germinativo e vigor. Quanto maior os índices de qualidade da semente, melhor a homogeneidade do plantio. Existem diversos tipos de Híbridos no mercado e a escolha deve considerar a região de plantio.
Manutenção preventiva da semeadora
Antes de iniciar qualquer operação de plantio, a manutenção geral da semeadora deve ser realizada. Considerando principalmente: os pontos de engraxamento, para que não ocorra desgaste abrasivo entre peças e as condições dos rolamentos, para verificar estado das correntes, engrenagens, discos, botinhas e eixo de todo sistema de transmissão.
Discos de corte da palhada
A regulagem e o modelo do disco de corte, deve ser regulada e escolhido de forma assertiva para que todo o processo de formação inicial do sulco de plantio seja eficaz. No plantio direito, utiliza-se muito o disco Turbo, no qual possui ondulações para expulsar a palha do sulco e maior poder de corte na palhada, porém exige maior pressão de trabalho em relação aos discos lisos. O tipo ideal de disco vai depender do seu sistema de plantio e solo.
Sulcador ou disco duplo do adubo
A escolha de qual mecanismo de deposição do fertilizante irá depender principalmente da metodologia de plantio e das condições físicas do solo. No plantio direto utiliza-se principalmente o sulcador, por realizar um trabalho de maior profundidade no solo e descompactar a camada superficial do solo.
Dosadores de semente e discos e anéis
Os dosadores de semente juntamente com os discos e anéis tem a função de dosar corretamente sem a ocorrência de furos falhos e duplos de semente. No mercado existem dois conceitos de dosadores: os dosadores que funcionam de forma mecânica na captura da semente e os dosadores pneumáticos, que utilizam pressão negativa para captura da semente no furo do disco.
Hoje, a J.Assy, por exemplo, já possuí tecnologias de dosadores que entregam altíssima precisão de singulação e dosagem, como os discos com a tecnologia Ramp Flow que reduz em média 60% de duplas e falhas, o dosador mecânico Titanium e o dosador pneumático Selenium que entrega uma singulação de 99,9%. A manutenção e possíveis trocas de peças de reposição de qualquer sistema no mercado, deve ser checada a cada safra, e, se precisar, realizar a troca de componentes para o perfeito funcionamento. A escolha de discos e anéis também deve ser de acordo com a geometria da semente que será semeada, pois existem diversas medidas de diâmetro de furos.
Tubo condutor de sementes
Para que a semente seja depositada até o solo com precisão e sem interferência na queda livre, o condutor deve estar em perfeito estado, sem cortes, rebarbas de plástico e amassos. Geralmente as máquinas possuem pontos próprios para fixação do condutor, justamente para que não ocorra a trepidação no momento do plantio. Fique atento ao condutor, pois seu estado de conservação ou instalação pode alterar a queda livre da semente e levar ao ricocheteio.
Regulagem de profundidade e pressão de linha
A regulagem para profundidade da semente deve ocorrer em todas as linhas de plantio, para que a semente seja depositada ao solo todas em níveis de profundidade iguais, sendo a profundidade ideal entre 3 a 5 cm, dependendo da umidade do solo. A pressão da linha de plantio, ou seja, a força que a linha exerce sobre o solo deve ser regulada para que a linha não sofra fortes trepidações e saltos, o que afeta diretamente a distribuição e profundidade.
Velocidade
A velocidade é outro parâmetro importante no momento do plantio e seu ajuste ideal depende principalmente das condições de relevo da área a ser trabalhada. Importante destacar que com o aumento da velocidade, crescem as chances de trepidações do conjunto máquina-implemento e as vibrações no tubo condutor de semente, ampliando o número de espaçamento falhos e duplos no sulco de plantio. Estudos comprovam que se a velocidade de semeadura estiver acima dos 5 km/h, os índices de duplos e falhas crescem consideravelmente, comprometendo a distribuição das sementes em até 40%.
Essas são algumas das técnicas de plantio para obter uma lavoura excelente, com uniformidade, alto potencial produtivo e com consequentemente maior rentabilidade.
Com o surgimento da Agricultura 4.0, as tecnologias para sistemas de plantio ganham cada vez mais espaço. O uso de sistemas inteligentes com capacidade de automação agrícola, sensoriamento remoto, internet das coisas, software e eletrônica, proporcionam a melhor gestão das operações e tomada de decisões mais assertivas, resultando no aumento da produtividade. Ainda há muito o que falar sobre tecnologia de plantio. E você, já está pronto para tornar seu plantio 4.0?
Por: João Santos – Engenheiro agrícola e Promotor Técnico de Marketing.
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